Terça-feira, Julho 31, 2007

Eternidade

Já te falei em recordações, de como são pequenos cristais que se organizam numa malha de eterna saudade, ou então, de um pesar tão grande que se meteorizam e desvanessem; disse-te também que se tornam num leito acizentado moldado em toda e nunhuma forma, numa contelação difusa à qual pertencem um tanto de significados e "insignificados". Abarcamos um universo inteiro em nós, distâncias incomensuráveis, como anos-luz e unidades astronómicas, sabemos explicar como se deu a explosão do ovo cósmio e, no entanto, se te perguntar tão simplesmente quem sou eu não saberias explicar!

Achas que se emcontrasses a garrafa onde se encerra o liquido da eternidade o beberias de um só trago?

Domingo, Julho 22, 2007

PARA MIM!

(DE MIM PARA MIM):
You are one of God's mistakes
You crying, tragic waste of skin
I'm well aware of how it aches
And you still won't let me in
Now I'm breaking down your door
To try and save your swollen face
Though I don't like you anymore
You lying, trying waste of space
My, oh my
A song to say goodbye
A song to say goodbye
A song to say -
Before our innocence was lost
You were always one of those
Blessed with lucky sevens
And the voice that made me cry.
My, oh my
You were mother nature's son
Someone to whom I could relate
Your needle and your damage done
Remains a sordid twist of fate
Now I'm trying to wake you up
To pull you from the liquid sky
'Cause if I don't we'll both end up
With just your song to say goodbye
My, oh my
A song to say goodbye
A song to say goodbye
A song to say
Before our innocence was lost
You were always one of those
Blessed with lucky sevens
And the voice that made me cry
It's a song to say goodbye
(PLACEBO)

Sexta-feira, Julho 20, 2007

DIÁLOGOS D' "A CIDADE DAS FLORES" DE AUGUSTO ABELAIRA




-Porque acabou tudo entre nós, Giovanni?

-O quê? Ainda te recordas de que existiu alguma coisa entre nós?

-Porque havia ter esquecido?

-Tens pena?

-Não, não. Tenho pena no sentido de que, se tivéssemos continuado, estaria hoje casada, e assim não estou.

-O receio de ficar solteira?

-Não é o receio de ficar solteira. É o receio de que a minha vida continue sempre a mesma coisa.

-Crês que mudaria?

-Não sei. Provavelmente não. E nesse caso talvez seja, de facto, o receio de ficar solteira.

-Nunca cheguei a uma conclusão. Gostavas de mim?

-Não antipatizava contigo. E tu?

-Enquanto convivi contigo suponho que gostava. Suponho que não poderia passar sem ti. Lembras-te? Várias vezes terminámos tudo entre nós. Durante dois ou três dias em que tudo estava acabado, eu era terrivelmente infeliz. Infeliz, a sério, percebes? Não sabia como passar o tempo. Mas da última vez, quando foste passar as férias já não sei aonde, precisamente no momento em que nos zangámos, não tive remédio senão preencher o tempo e habituar-me a passar sem ti. E foi então, aí ao décimo dia sem ti...descobri que eras apenas um hábito que poderia ser substituído por outro hábito, e nada mais. Por outro mau hábito. Tinha aprendido a jogar xadrez.

-És cruel.

-Não.

-Curioso, nunca chegaste a ser para mim um hábito; nem bom, nem mau.

-Então?

-Quando me encontrava contigo, quase sempre preferia não me encontrar. Outras vezes gostava de ir, não por ti, mas porque me beijavas, porque me abraçavas...

-Mesmo no princípio, mesmo quando fomos a San Miniato?

-Não. No princípio gostei de ti.

-Tinhamos combinado ir lá, de manhã choveu...Mas tivemos sorte, a tarde pôs-se bonita.

-Passei a manhã a olhar para as nuvens.

-E eu.

-Mas nunca mais.

-Em vez de te encontrares comigo, que preferias tu fazer?

-Já não me lembro. Às vezes, não fazer nada, ficar em casa. Mas essa era também uma das razões por que eu gostava de estar contigo: sair de casa, dar um passeio.

-És cruel.

-Não.

-Ouve, Ana: se não fosse a tal questão...Não me lembro já o que foi, lembras-te?

-Vagamente.

-Se tu não fosses de férias nessa altura?

-Não tetias descoberto que eu era um mau hábito.

-E tu? Terias descoberto que eu não era nem deixava de ser...?

-Eu já sabia...

-És cruel.

-Não.

-Então?

-Deixarias as coisas continuar.

-Tens a certeza?

-Estaríamos hoje casados.

-Seria horrível.

-Porquê?

-Ainda mo perguntas?
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-Rosabianca, afinal não tens cabelos verdes!

-Verdes?

-Sim. Eu pensava...Pelo menos não podia pensar que não fossem verdes...E que não tivesses sido salva por mim do fogo!

-Do fogo?

-Sim. Porque te admiras? Do fogo. E nunca foste enfermeira.

-Enfermeira?

-Porque perguntas? Não posso gostar de ti, Rosabianca! Pensei que tinhas os cabelos verdes e que te salvava do fogo...Mas nada disso sucedeu.

-Giovanni! Se queres, pinto de verde os cabelos, subo para um quarto andar e deito-lhe fogo. Salvas-me?

-E fico ferido? Serás a minha enfermeira?

-Sim, se quiseres serei a tua enfermeira.

-Está bem, Rosabianca. Sobe lá para o telhado que eu vou deitar fogo á casa.









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-É verdade o que me afirmaste da outra vez?

-Que te disse eu?

-Que seria terrível se tivesses casado comigo porque então não seria fácil encontrares a Rosabianca.

-É verdade.

-E continuas a gostar dela?

-Continuo, Ana.

-E sentes que nunca mais poderás gostar de outra mulher?

-Sinto.

-Deveras?

-Não sei.

-Vas casar com a Rosabianca?

-Não sei, não sei. Amo a Rosabianca, mas às vezes penso que isso não significa que seja incapaz de amar as outras ao mesmo tempo.

-Que esperas da Rosabianca?

-Esta noite voltei a sonhar que salvei do fogo uma menina com cabelos verdes. Nunca te contei?

-Serias capaz de voltar a gostar de mim, Giovanni?

-Não.

-Serás um dia capaz de voltar a gostar da Rosabianca?

-Que queres dizer?

-Que não tenhas ilusões, Giovanni. Dentro de dois meses as tuas hesitações serão ainda maiores. E, de repente, descobrirás que a deixaste de amar. Não saberás como foi, mas será assim. E verás então: o que sempre te interessa não é o amor conquistado, mas o esforço para o conquistares. Ou melhor: amas o momento em que o amor se inicia, é a infância do amor que tu amas, as hesitações do princípio. Porque não te fazes alpinista?

-Não, não é verdade. Amo a Rosabianca, nunca poderia deixar de gostar dela.

Quarta-feira, Julho 18, 2007

BURACO NEGRO


ESTOU QUASE A DESISTIR DE TE CONTAR COMO SE FEZ O UNIVERSO!
UM BURACO NEGRO, UMA MENSAGEM QUE SE CONSOME, QUE SE PERDE. SERÁ POR ISSO TÃO DIFICIL ENTENDER QUE GOSTO DE TI?
FICARAM SÓ AS TUAS PALAVRAS NUM PEDAÇO DE PAPEL! E ESSE PEDAÇO NÃO TO DEIXO EU LEVARES CONTIGO. ESSE FICA, LONGE DE TUDO, SÓ MEU, PARA SEMPRE!


SIM, PARA SEMPRE!

Segunda-feira, Julho 16, 2007


E SE ME CONTASSES COMO SE FEZ O UNIVERSO?


CONTAVAS SÓ A MIM?


PODIA SER O NOSSO SEGREDO...

RASGOU-SE. RASGÁMO-NOS. RASGASTE-TE. RASGUEI-ME!

Domingo, Julho 15, 2007

Aqui e Ali. No meu silêncio.


Vamos correr até à espuma dourada do tempo eterno, vem cá e beija-me! Vamos dissimular um EU em troca de segundos disparatados, que falam sem nexo, que se entendem numa paixão encarnada e viva! Vamos sabotar o sol e brilharemos mais, tão mais! Vamos contar as estrelas do céu e eu baixinho abraçar-te-ei...Um Universo que é nosso, um sonho só meu....
Sou-te como o mar...ao de leve deixo escorregar marcas do meu nome, que se desfragmentam e se apagam em ti: esboços de pegadas, sem memória!


Aqui e ali, no meu silêncio!




Sexta-feira, Julho 13, 2007


Quinta-feira, Julho 12, 2007

Lar doce lar

Tenho dois autocarros que me levam da estação para casa: o 188 e o 189. Antes de mais convém "pintar" este pequeno relato de cores, cheiros e formas que lhe são característicos, pois bem: ao sair da estação da Parede existe um pequenino largo onde ficam as paragens de autocarro e é também para lá que me dirijo todos os dias. Existem quatro paragens a que chegam vários autocarros; são paragens vulgares, com aqueles bancos característicos (sempre lotados), todos as três à sombra, já que são cobertas por grandes arvóres, que assim as protegem do sol. No entanto, a quarta paragem, onde pára o meu autocarro, não só fica deslocada das restantes, como também é a mais pobre de todas! Não é nada mais, nada menos, que um "mini passeio" que aflora no meio do largo alcatroado, sem banco, sem sombra, que ostenta uma placa de metal com um número inscrito: 188.
Faz sol lá fora, saí de casa bem cedo para tratar de burocracias enfadonhas (que não me parecem deixar em paz!), são 10:30 quando finalmente chego à estação. É só mais um pouco e estou em casa, o meu corpo não suporta bem o calor, estou esfomeada e cheia de sede, para além do mais preciso de me sentar, afinal de contas a viagem de comboio tinha sido feita toda de pé! Desloco-me para o tal largo e sem surpresas constato que não há um único lugar onde me possa sentar. "Bom, só espero não ter perdido a camioneta!", penso eu, pensamento legítimo, aqui os autocarros só passam de meia em meia hora, pelo menos os únicos que me servem. Mas, irremediavelmente o dito cujo já partira, o próximos só às 11:15. Espero. Espero. Espero! Ando para cá e para lá, desconsolada, quase estonteada pelo calor, com fome, cheia de fome, com sede, com muita sede. Todos sentados, eu de pé. As vozes daquela gente entram-me desordenadas, atropelando-se umas às outras pelo meu canal auditivo: alguém se queixava dos rins, alguém queria deserdar os filhos e ainda outro alguém desejava saber qual o autocarro a apanhar para o centro de saúde...e eu que só queria chegar a casa!
Por fim, lá surge ela aos solavancos - ah! a visão do paraíso! até que enfim. - todas as almas recolhidas à sombra se precipitam para o "mini passeio" que de um momento para o outro deixa de ter lurgar para mais ninguém. Forma-se a fila mais desorganizada de sempre, não percebo se começa pela direita, se pela esquerda, se pelo meio. Desisto de perceber, deixo-me ficar ao acaso. Mas, o autocarro ainda aqui não está porquê? estava mesmo a entrar no largo, o que é que aconteceu? Então reparo que do meu lado direito, mesmo encostado a esta ilha preechida alguém se lembrou de estacionar o carro, bloqueando a entrada. Como eu, todos protestam, a diferença é que eu interiormente e eles exteriormente. Gera-se uma algazarra pitoresca, as senhoras, todas elas com quadruplo da minha idade, com a mão na anca começam:
- Então mas esta gente não sabe que não se pode estacionar aqui?!
- Havia do autaocarro lhe passar o carro " a ferro" ! De certeza que da próxima nunca mais cá o punha.
- Oh Homem! Tire lá daqui a poracria do carro que eu quero-me ir embora, tenho mais que fazer!
- Haviam era de chamar a polícia!
Passados uns 15 minutos o dono do tão praguejado carro aparece, vinha carregado de sacos do "Pingo doce", mas nem isso o fez escapar da fúria daquelas mulheres, foi se embora o mais depressa que pôde. Resolvido assunto, era de esperar que a camioneta se aproximasse e nós podessemos embarcar, mas ela não se mexe, permanece imóvel ali e ninguem percebe porquê! O motorista anda de um lado para o outro e sem o poder ouvir adivinho-lhe a raiva pelo gesticular dos braços. Alguma coisa tinha acontecido...
Nós todas ali a torrar ao sol, impacientes, desejando quase perfurar as portas daquele vaículo e tomá-lo à força. De novo alguém começa:
- Olha, olha, olha! Agora não se mexe porquê? que falta de respeito, onde é que isto já se viu?! Tá aqui uma pessoa à espera, ao tempo que já deviamos tar lá dentro. Ainda tenho de fazer o almoço! Pior, tenho problemas de circulação não posso tar aqui...
- Agora tá a falar ao telemóvel, tá bonito tá, nem hoje saímos daqui!
- Vão "mazé" chamar uma parteira que o homem está a parir, olha lá a cara dele...
Sem mais nem menos o camionista abandona o autocarro e desaparece.
- Lá vai ele. Parece um foguete!
- Filho da puta!
Sem dúvida que tinhamos chegado ao pior grau de insatisfação daquelas senhoras, que cada vez faziam menos cerimónia quanto aos adjectivos a utilizar.
Estou cheia de fome não aguento mais e dirijo-me ao café mais próximo. Peço uma sandes de queijo, mas para variar põe sempre manteiga na sandes. O meu português não poderia ser mais claro, uma sandes de queijo não é uma sandes de queijo e manteiga! Enfim... quando volto de novo para o largo vejo que o 189 havia acabado de chegar; embora também possa apanhar este autocarro, o facto é que mesmo a paragem mais próxima da minha casa me obriga a percorrer uma distância ainda considerável até lá chegar...contudo, já sem paciência lá vou eu.
O autocarro está apinhado, mesmo para chegar a uma zona onde teria de ficar em pé invariavelmente era um tormento. Aquilo fazia lembrar uma feira, mas uma feira onde se vendiam conversas. Durante aquela viagem as coisas mais inacreditáveis aconteceram: mais que uma vez houve alguém que gritou para se calarem todos, que estava um "barulhão" insuportável, houve alguém que perdeu um saco de nabiças e andava de pessoa em pessoa a perguntar se o tinha visto, eu que estava de pé, e apesar de ser a mais nova dali, desiquelibrava-me constantemente, caíndo não sei quantas vezes no meio do chão.
Quando finalmente cheguei à porta de casa, ansiosa por lá entrar, sentir aquele fresquinho agradavel que só a minha casa consegue ter, ao perpara-me para rodar a maçaneta, percebo que não só não está ninguem em casa como a porta está trancada! Eu não acredito, estava tão próxima...ainda procuro os meus avós pelo quintal. Não, não estão mesmo em casa...
Ligo para o meu avó, ele diz-me para esperar que vem-me abrir a porta; poucos segundos depois aparece, vinha triste, apagado, o irmão tinha acabado de falecer.
O meu tio morreu!



Segunda-feira, Julho 09, 2007

Conseguiste!


Conseguiste, agora sou meramente um reflexo teu...Parabéns anulaste a minha exsitência em nome da tua.
Hoje, doravante, sempre, serei esta transparência mecânica.
Já sorris. Vamos, continua, não pares até eu ser aquela estrada macadamizada na qual corres até ao fim! O meu fim!


Parabéns!

Terça-feira, Julho 03, 2007

MAGOASTE-ME!